quinta-feira, 12 de março de 2009

Ontem a tarde...



Ontem à tarde a lua veio até mim.

Ontem à tarde ela desceu na terra para falar comigo.

Foi uma fração de segundos, mas ela falou comigo:

Segundos aqui, pois neste momento de tempo o tempo não existia.

Era em uma tarde onde o sol reinava, mas até ele cedeu aos encantos desse instante.

Uma comunicação sem fala, sem palavras, apenas o barulho do coração, batendo o ritmo de uma respiração alerta.

Com um olhar, apenas um olhar e a lua veio a terra falar comigo.

quinta-feira, 5 de março de 2009


Quero mais é poesia,


pois a razão só serve para fazer conta...


Se fosse pelo menos um faz de conta de criança...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Nada é por acaso




Naquela Noite De Estrelas
Eu Tinha Uma História
Para Ouvir,
Pedaços De Uma Oração

Rezamos Pelo Invigiável (Não Vigiável)
Entre Linha Dizemos
Coisas Do Coração


O Copo Cai. O Líquido Escorre
Tudo Vazio De Novo
Nada É Por Acaso
Tudo Vazio De Novo

A História É Uma
Voz Que Não Atende
Em Um Livro De Água
Escrito Em Páginas De Óleo


Uma História Curta
Como O Fogo De Uma Vela
Queimando À Distância
O que as estrelas já Diziam.


O Copo Cai. O Líquido Escorre
Tudo Vazio De Novo
Nada É Por Acaso
Tudo Vazio De Novo

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Cavalo Alado



Aqui do alto onde estou, percebo tudo. Tudo é como uma visão.
Quantas mentiras, tantas ilusões, poucas coisas sobram. Incrível!
Era para ser difícil ver isso, mas tudo é tão claro que se torna fácil.
Isso não muda a essência dos meus sentimentos. Eles estão lá, todos presentes. Mas por fora, grandes correntes.
É quase difícil achar um modo diferente.
Parece que tem até um porquê de ser assim.
Será?
Aqui, estou livre como gosto.
Sou um cavalo, mas alado. O meu destino não é correr, e sim voar.
Sou instinto no corpo de cavalo, sou sentimento em pele selvagem.
Daqui do alto tudo é tão claro. Quando desço me torno denso. Tudo lento e espesso.
Preciso de alimento, preciso de vento.
Vem, suba bem alto. Quero te mostrar. Daqui do alto tudo é tão claro.
Vejo tudo e todos. Quanto engano, quanto apego. Mas meus sentimentos estão lá.
Quando desço crio areia em minhas asas.
Gostaria que você me acompanhasse, mas daqui tudo é tão claro: só voa alto quem não tem areia nos braços.
Cubra meus olhos, mas não me empeça de voar.
Sou um cavalo alado, nasci para o ar. Na terra sou passagem.
Se quiser eu te levo. Minha casa não tem estradas e nem fronteiras.
Mas por favor, para voar comigo, deixe as raízes no chão.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Um poço que não existe


A vida que pulsa em mim embaraça nas minhas entranhas. Meu suspiro é um vômito de apelo.
A vida que pulsa em mim se confunde com os meus sonhos.
Acordar já não é mais natural e sim necessário.
Os pensamentos me levam para direções às quais não posso voltar.
Na minha cabeça, um duelo infinito de vontades e desejos, dos quais não tenho coragem de solta-los.
Ser prisioneiro de si é a pior coisa que um homem pode sentir.
As escolhas são diversas, a alma é cortada com uma navalha de medo.
Meu único amigo, o silêncio. Minha esperança, a morte, a morte de minha covardia.
A vida me chama, mas entre nós: o precipício.

Qual é a verdadeira liberdade de um homem?

Quero me ver por dentro, mergulhar nesse buraco de emoções e não voltar, viver submerso em mim mesmo. E quando eu cansar das profundezas de um ser desmascarado, quero saltar o mais alto possível, onde nem mesmo o meu grito me alcance.

Até quando uma dor pode libertar um homem, se ela própria é a materialização da ilusão?

Até quando um homem é livre, se ele mesmo é a materialização da ilusão?

Até onde eu me identifico com tudo isso, se tudo isso não existe?



domingo, 31 de agosto de 2008

Despedida


Neste momento me parto, na divisão que me corrói.
Tenho que ir, mas algo quer ficar. Tenho que partir.
Mas o pulsar me prende.


Sou um em dois.
Não fale... Pois isso me consumiria, tento lutar uma luta injusta.
Sou um em dois.

Eu vou, mas quero ficar, mas vou.
O passado é história, o futuro clama e o presente me queima.

Sou um em dois.



foto: André Auke/modelo: Jéssica Fogaça

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

o silêncio de um orgasmo


Menina bonita, corpo xingado e sabor de pecado.
Leva-me contigo e me beija na boca, quero ser menino no seu colo e homem na tua cama.
Descobrir o seu corpo sem os olhos, amar a vida somente porque você existe.
Como um pescador em seu mar, onde a necessidade e a divindade dão as mãos em nossos lençóis, nossas mãos se perdem na dança entrelaçada de nossas vontades.
Virtudes, deixo no chão. Crenças, debaixo da cama. Os outros, no quarto do lado, pois somos livres quando nossos orgasmos se encontram.
Pequena dama, quero estar dentro do teu corpo as vinte e quatro horas do dia. Sua flor desabrocha o meu ser. Sou egoísta, pois neste presente não me importo com nada.Prefiro o silêncio de estar contigo do que o barulho do mundo.
Não estou fugindo de nada, apenas me encontrando. Mesmo que venham atrás de mim, eles passarão, pois do lugar onde estou, quando nossos corpos se falam, só eu posso estar.
Menina bonita que passa e mexe comigo, nossa comunicação não está neste tempo, entenda isso, só assim as futilidades caem, só assim nos vemos com os olhos do coração.
Minha pequena dama, deixo meus sonhos em nossos travesseiros e a realidade para aqueles que acreditam nela.
Não sou feito de sonhos ou realidade, sou o sonho e a realidade ao mesmo tempo em que sou nada.
Um nada que adora viver o momento sem tempo de um orgasmo, do que o tempo de um relógio.
Menina bonita, vem comigo ser nada dentro do silêncio e deixar a nossa transpiração falar, pois eu... Não quero dizer nada.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ao som de uma onda


Hoje tive um sonho, o encontro com a minha realidade.
A menina dos meus olhos adormecia ao som de uma onda.
Sou tão pequeno diante dessa natureza.
Eu acordei e a realidade se foi.

Ah, menina! Volta e faz do meu dia um sonho .

Quero dormir esse sono para o resto da minha vida.
Não te conheço. Mas sou seu.
Seu cheiro exala no meu corpo a cada manhã.
Bela menina, me faz dormir para contigo seguir.
Ao som de um onda você embala meus desejos. Quero você em meu travesseiro, seus cabelos perdidos em meu peito.

Ah, menina! Volta e faz do meu dia um sonho.

De olhos fechados. Você sabe, de olhos fechados.
Menina-Mulher, partícula da minha loucura: de não poder dormir para sempre.
De olhos fechados, pois é assim que bebo a gota de vinho em seus lábios.

Ah, menina! Volta e faz do meu dia um sonho.
a menina dos olhos adormecia ao som de uma onda...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

O Nascimento



Em uma noite sem estrelas, o céu chora.
Uma carro na escuridão corre. O freio não funciona. Ele não pára.
A sirene vermelha grita!
O freio . Ele está vindo, mas ele não pára.
A porta de vidro explode. Agora sim, pequenas estrelas, mas elas estão no chão.
Ele ainda vem, mas ainda não pára.
O menino nasce sozinho e corrido.
Seu destino, não sei.
Sem pai, um parto de horas.
Em janeiro o início, do quê?
Enquanto um nasce, outro morre.
Uma esquina, um túnel, ele não pára.
Algo acontece. Uma passagem: do líquido para o seco, do quente para o frio.
Ele que vir, ver esse lado, ser esse lado, mas um sopro queima.
Agora não tem volta, o relógio anda, até o momento da volta. Quando?
Entre tantos, mais um. O garoto sozinho, corrido.
Seu destino, não sei.
Uma luz indica o caminho, uma luz fria, do silêncio para o barulho.
Nasce um sem eu, sem nome, sem nada para ser e com tudo que acharão que deva ser.
Uma dor, um medo!
Seu destino, não sei.
Lá fora, o céu ainda chora. Aqui dentro a tensão e plasma.
O garoto continua não sabendo o seu destino, ess é o provérbio. Será? Por quê?
Hoje ele corre, continua correndo, sozinho, não pára, não consegue, pois foi assim que nasceu: Com estrelas de vidro aos pés, bonitas, brilhantes e cortantes.
Seu destino , não sei.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Salsa com Pimenta

Andar na Paulista sem nada a fazer, sem horário a cumprir, sem rumo a seguir, sem o tempo a perseguir.
Ver tudo e nada fazer.
Parar sem prevenir.
Andar sem decidir.
Espaço Unibanco. Ver a seleção e não assistir, hã!
Subir ao frio da tarde na augusta.
Bela Paulista! Com sopa ou capuccino?
Sopa! Feijão e palmito, hã! Que delícia!
Sozinho? Não! Acompanhado: Caderno e lápis na mão.
Pimenta, na sopa, esquenta. Corpo aqueçe, esqueçe corpo.
Salsa na sopa, salsa à noite, dança quente, esfria mente.
Baila, baila garoto, pois a vida é sopa quente com salsa no sangue, frio da augusta na mente e pimenta, muita pimenta calabresa dentro da gente.
Gente moleque de ser!
Gente brincando de ser!
Gente pensando ser!
Gente chorando por ser!
Gente querendo ser!
Gente se achando ser!
Gente buscando ser!
Gente morrendo de ser!
G E N T I L M E N T E sendo o que veio para ser.
E eu pergunto a você, camarada:
Ainda procurando ser? Ser o quê?
Abra os olhos para as suas Paulistas frias. Deguste da sopa até o fim. Lambe os lábios e deixe a pimenta escorrer.
E por fim, por fim.
Baila! Baila uma salsa com a Vida.

sábado, 31 de maio de 2008

A Feira.


O homem em busca de si, se perde no cheiro da menina que não sabe quem é.
Um tempo que separa as idéias, ideologias, idade.
Ele perdeu-se. Não encontrou, esqueceu, deixou levar-se, acalentado pelos braços da multidão.
Ela cresce, buscando, fugindo, esquivando-se de todos.
Ela pensa em quem é, mas não enxerga a imagem refletida do que se é.
Ele perdeu-se, deixou -se levar pelo instinto. Primário, animal: não pensa, não reflete, não acorda é puro reflexo condicionado, comandado, aprisionado pelo inconsciente.

O encontro, as ilusões confrontam-se!

Sociedade, dinheiro, posse, romance, futuro, esperança.

As ilusões confrontam-se!

Dois mundos em um, dois seres na busca eterna de ser um.
Dois sonhos vivendo a esperança sonâmbula de cada dia.
Um perdeu-se, outro busca, um esqueceu, outro não sabe.
A esperança, a desesperança.

As ilusões se confrontam!

Ele a quer. O bicho à espreita da caça.
Por dentro da máscara esculpida, esconde-se o animal extinto, sedento, feroz, sem sinapse, somente guiado pelo cheiro da menina que pensa quem é.
Nele, todos os nãos, todos os medos querendo pular para o corpo dela, querendo penetrar toda a sua culpa, toda a sua vergonha, toda tensão da multidão.
A necessidade de, por alguns minutos, sentir-se realmente morto, pois morto é a única sensação que o faz sentir-se vivo.
Ela repulsa o órgão acusador, indicador, desbravador. Lá não existe a licença.
Procura no outro o reflexo de si, o corpo de si, o cheiro de si, o amor de si.
Lá só existe o toque, o cuidado, o seu cheiro, o igual. Lá não tem a diferença que assusta, invade, penetra.
Ela também dorme por trás de sua máscara esculpida.
Ela não quer acordar. Acordar dói.
Ele, o tempo já o deixou morto, adormeçeu na busca.

As ilusões confrontam-se!

Ele, ela, sexo, cheiro, diferença, esperança, máscara, idade, tempo, medo.

As ilusões confrontam-se.

As ilusões confrontam-se.
As ilusões confortam-se.
As ilusões encontram-se.
As ilusões, as ilusões...
Asilu. Asilu. As. As.
A. A. (silêncio).

sexta-feira, 9 de maio de 2008

mais um encontro esquipático


Olá, minha querida!
Já nos conhecemos. Eu nem preciso convida-lá a sentir-se em casa. Você, como sempre, entra sem pedir permissão. Às vezes mansa, suave como uma pluma, outras horas, cortante e lampejante. Como será desta vez?
Somos tão íntimos, desde o meu nascimento, e mesmo assim toda vez que você me visita é como se fosse a primeira vez.
Acho que já não luto tanto mais... Ai, ai, ai, esse sorriso...
Isso! Vamos beber uma taça de vinho juntos. Isso pode me ajudar a relaxar.
Hum? Você convidou eles também? É, vou precisar mais do que uma taça, esse encontro promete.
Eu sei, sou eu que marco, mas é que...
Ai! Está difícil dessa vez.
Ok! Ok! É você que comanda. Sou todo seu.
Essa sua voz, ela entra em meus poros, rasga o meu peito, mergulha para lugares que ainda desconheço.
E eu que pensei que era só corpo e sangue.
Como você é bonita. Por que às vezes tenho medo? Lógico que prefiro quando você já está nua, mas eu sei, eu sei, ainda é cedo.
Você tem seu preço, são eles. É difícil, porque eles são meus.
Por favor, minha querida, não me torture eu quero o êxtase.
Vou ficar em silêncio, chegou aquele momento, sei que não devo fazer nada.
Será que aceitar é um fazer?
Minha linda, meu corpo chora e o meu coração goteja, a mente está em pura epilepsia e eu sou um fio de seda que traféga nessa paisagem.
Você assiste. Eu observo.
Rimos, choro, lamento, acordo.
Ah! Minha pequena dama, despe para mim, quero ver o amor que procuro nos seus seios, a minha verdade vem do seu sexo.
Eles não importam mais, agora já sou seu perfume.
Agora somos uno.
Convido todos eles, agora, sem nenhuma exceção. Venham todos!
Até você, não tenha medo, meu querido medo, sente-se, sirva-se do melhor vinho. Beba-me até a última gota, não se preocupe, ainda não é a última safra.
E você... Minha pequena dama...
Até o nosso próximo esquipático encontro, esperooo...
Não, não espero nada.

Au Revoir!

domingo, 30 de março de 2008

ESTRANHO


Estranho, sinto como se eu me basta-se. No externo, aparentemente um caos, mas olho para dentro em busca de um "eu" em paz.

Observo tudo. Ou pelo menos tento, mas há um progresso: Observo o caos e observo um vácuo interno crescendo ou será um vazio? Um vazio que cada vez mais não tem fim. Engraçado, ele me preenche.

A cada pensamento distancio-me e tenho a consciência dele, que vem com a buzina, que vem com as pessoas ao meu redor, que vem com a batida do meu coração, que vem com minha barriga movendo-se...

Isto é estar pleno neste momento ou é mais uma ilusão? Observo.

O vazio cresce, um silêncio. Como pode isso, com essa barulheira aqui fora?

Algo estranho aproxima-se, assisto que o observador está querendo desaparecer.

Sinto que sou o nada com tudo acontecendo.

A vontade é de parar e ficar aqui, sem movimento, só isso.

Não existe nenhum sentimento de êxtase esplendoroso, nenhuma luz, nenhum amor fraternal ou mesmo ódio fraternal. Nada.

Mas sei que estou verdadeiro para qualquer pessoa neste momento, não sei o por quê, mas sei.

Nada transborda, nada explode, nada ilumina, nada acontece. Nada.


Vejo o barulho e o silêncio tudo ao mesmo instante.


Eu sou o barulho e o silêncio.


Eu não sei quem eu sou.


Isso tudo é estranho, preciso de um pensamento, preciso sentir um apego, preciso agarrar-me a uma ilusão. Pois, este estado de "nada importa" é grande demais para o momento.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008


Há águas que trazem lágrimas que enxáguam a casa, a vida, inundam a esperança.Por fora, molha. Por dentro, seca.

Enxurradas em uma cidade.

A culpa escorre por todos os lados: político e cidadão.

Em São Paulo todas as águas correm para o mesmo lugar, mas ainda não são suficientes para lavar a vergonha e deixar bem limpo a consciência.

Um papel voa ao vento, dança até o sopro tomar outro rumo.

A janela automática de um Mercedes, a manual do ônibus, a horizontal do trem, todas são a mais pura visão da ignorância.

Hoje em uma rua choro, vendo os meus sonhos escorrerem ladeira a baixo como um barco. Ontem, sorrindo, ensinei meus filhos a contribuírem com o resto de seu doce...Hoje pela televisão digital de plasma, sinto dó de um tipo de povo que nada onde era para andar. Ontem, a minha preguiça mórbida contribuiu...

Em São Paulo todas as águas correm para o mesmo lugar.


foto: André Auke

momentos passam...


Parado estou, estancado, neutro.Porém mais vivo que a qualquer outro momento.Nada importa ao meu redor, apenas este momento, aqui, parado, ereto.

Sem movimento.

O trem se aproxima, sinto.Não vejo, porque não preciso.O trem passa, vejo.Momentos que passam à minha frente.Olho e vejo. Agora posso escolher.Tenho que correr e ser rápido.As portas se fecham.Eles se foram.

Para outra estação.
Momentos que passam.


Foto: André Auke

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Saudades

Saudades...

Palavra tão pequena, oito letras apenas.

Até parece. Que miséria!

Eu preciso de uma biblioteca. Não, também é pouco.

Ah! Saudades... apenas.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

MENINA


A menina de cera é bonita, ela é uma boneca de cera que se pinta para ficar mais bonita. Ela não


sabe que já é bonita.


Ela usa sua maquiagem para no espelho de seu banheiro não se ver.


Ela se vê no espelho da sala, sentada no sofá ou pelo menos acha.


Quem será a menina por trás da máscara de boneca pintada?


Ela não sabe que já é bonita?


Ela esqueçeu... Ela se perdeu, dentro de uma revista de moda...


Corre para o quintal menina e volta a brincar, nina a boneca no seu colo, só para você lembrar


que não precisa ser ela, para se encontrar.


O que será que tem por de trás da roupa dessa menina? É coração ou pilha?


Acorda menina do sonho que esconde o pesadelo, da aparência que disfarça a carência.


No final as lágrimas são adstrigente, mas por dentro da face o pó corroí.


O tempo é pavil, mas também é soro.


Acorda minha bela menina.




Olhe para mim por favor


Olhe de verdade um instante, me veja


Pois estou aberto mas não sei até quando


Olhe para mim, por favor...


para que eu possa me ver da forma que um espelho não me mostre.





Na solidão DES-FAÇO que a felicidade
é algo palpável.
foto: André Auke
modelo: Jéssica Fogaça

terça-feira, 9 de outubro de 2007

“Há os que se levantam e fazem,
e há os que sentam e choram.”
( Mestre DeRose).


Gasto um espaço do meu tempo a observar as pessoas ou ocasiões, que me mostrem esse exemplo, onde a superação se faz presente.
Casos onde quase todos se dariam o direito de sentir pena de si mesmos e deixar o fantasma do vitimismo assombrar, a autopiedade vestida de linda moça, convençendo-o sensualmente.
A mais bonita e frágil carência infantil, vir à tona e fazer do seu eu-adulto: Um carrinho de rolemã.
Tudo isso, assistido por uma platéia ferveroza de tourada espanhola lhe dizendo em coro grego:
“Coitado, que pena que dá. Oh! Que dó”.
Mas não! Certos seres humanos me mostram, sem mesmo me cobrarem, a grandeza das grandezas. Onde me pergunto como pode algo frágil ser forte? Um antagonismo que martela e quebra minha mente em cacos; pela não capacidade de compreensão. Pois compreender algo tão simples está além.
Mesmo montado no rabo de um cometa não alcançaria.
Mas ao fechar os olhos: Lá está, perto da alma e longe do tato.
Vejo esses homens e mulheres que teriam todo apoio da pláteia fervoroza, para sentarem e chorarem. Mas sua alma escolhe levantar e suas mãos, fazer.
Lembro-me e fortaleço-me nesses exemplos.
Para quando o meu vitimismo e seus derivados unirem-se com as minhas pláteias espanholas, que eu consiga manter a escolha de sempre levantar e fazer.
E quando sentar, que seja para tomar folêgo; quando chorar, que minhas lágrimas sejam a representação física de um estado de contentamento.
Esse não é um depoimento de acertos e pontos, ma sim de erros. Vários erros que me conduzirão ao acerto e traços como passos que dou em uma linha contínua que nunca sei ao certo qual será o seu fim.


Só sei, que vou seguir.


03/05/2006. Noite.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

C A C O S


Um parto me faço e parto em pedaços de cacos que se juntam a cada passo, dentro de um

quarto.

Para lá e para cá um parto a cada passo, apenas um pedaço para cada lado.

O dia define o parto em pedaços e a noite traz a forma do que por um momento foram

cacos. E assim que vai o dia e assim que passa a noite: de pedaços que partem em cacos e

voltam à forma, para que no outro dia o parto se faça.

E aqui eu me parto, bom dia

OU aqui eu me enquadro, boa noite.
foto: André Auke
modelo: Jéssica Fogaça

terça-feira, 11 de setembro de 2007

QUÍMICA


Preparo o espaço como um ritual único e sincero.
Tudo se faz importante: o ar, a luz, o som, tudo tem que exalar poesia.
Harmonia como acordes de uma música, onde as notas brincam e acasalam-se em fusão vibratória que penetra meus ouvidos e eroticamente acorda meu corpo.
A espera faz parte desse conto de prazer, onde viajo com as sensações que a de acontecer.
Sua silhueta me diz a história que contaremos.
Com curvas, pele, rios, desejos, suspiros e sorrisos.
Quanto mais te olho, mais te desejo, um desejo sem posse. Mas o desejo de prolongar essa magia que se faz, quando te conheço por dentro.
Agora não tem mais volta, o espetáculo começou.
Uma peça de atos indefinidos. Um balé, cujos movimentos lentos, enlaçados me fazem não pensar.
Somos um, dois, milhões de corpos, células gritando, aclamando esse sublime acontecimento.
Dignos de um deus e uma deusa. Sentimos todo poder da vida, a natureza nos assiste e nos aplaude.
Protagonizamos o mais belo, onde nada mais existe e tudo acontece.
E como um quadro vivo, desenhos e formas riscam o ar, cuja atmosfera já é quente, pois o sangue ferve e os poros exalam o resultado dessa experiência química.
Tudo é vibração, palavras, gemidos, sorrisos, silêncio.
Grito por dentro como um vulcão e por fora danço, uma dança que não tem nome.
Deixamos de pensar, deixamos de querer, deixamos de julgar, deixamos de ser...

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

EM UM QUARTO QUALQUER


As linhas se cruzam. A paisagem se funde.
A visita de um ser que não sou eu.

Meu amor, por favor, não ligue.
Por favor, não ligue...

Quero beijar minha tristeza, quero ficar a sós com ela.
Preciso estar nu para encontrá-la.
Preciso de uma ação, mas ela me paralisa.
Seus lábios encantam, me seduzem, necessito tocá-los.
Preciso de uma ação que não me paralise.
Tentei fugir, mas ela está aqui: clara.
Quero olhar dentro dos seus olhos, mas não consigo. Mas sei que você está aqui.
Preciso ficar nu, preciso estar nu.

Meu amor, por favor, não ligue.
Desta vez tenho que...

Ela me seduz e hoje deixarei ser seduzido.
Será o nosso encontro definitivo.
A paisagem, as linhas, eu, ela.

Vem. Agora te vejo. Estou pronto.
Pela primeira vez estou nu.

Vem minha querida tristeza, pois hoje te penetro e me encontro.
Que nesta cópula a minha entrega é VIDA e o meu gozo é MORTE.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

O que falta no mundo?


Respeito, muito respeito.
Não precisamos de amor nem de paz, isso já existe muito. Qualquer igreja ou religião tem amor para dar e vender (pelo menos isso é pregado). Qualquer ONG oferece a paz como voluntariado. AGORA, respeito, todos nós esquecemos na maioria das 24h do nosso dia.
O desrespeito por si torna-se uma bola de neve tão grande que, a falta de respeito pelo outro se transforma em algo sem medida.
O que falta no mundo não é a vontade de salvar o mundo, mas sim a coragem de salvar a relação, o campo de possibilidades que existe entre eu e você. Não precisamos ir longe, é no cotidiano que mora o segredo que não é segredo.
A busca pelo grande é para qualquer um. A busca pelo pequeno, é para poucos acordados.
“Estou neste momento respeitando algo que é natural em mim? Ou estou representando um papel que me imporam?”.
“Estou ciente que a diferença é natural, orgânica e bela? Ou ela representa um espelho que reflete a imagem do meu complexo de inferioridade, o qual criei por deixar de ser natural, ou seja, LIVRE”.
Quando esbravejamos, gritamos, impomos e pisamos, essas são algumas formas que tentamos esconder o “espelho” com um pano. Partimos para as mais difícieis e espetaculares proezas, menos a mais simples: a da humildade e respeito. A humildade de sermos pequenos e grandes, o respeito de saber que outro também é nas suas formas mais variadas e diferentes de ser.
O mundo está precisando do micro, e o micro está na relação, no dia a dia, na ação após ação, no agora, no olhar de verdade para esta pessoa que está ao meu lado ou à minha frente, de ouvir realmente o que ela tem a dizer.
Às vezes, facilmente, podemos sair do papel de inquisidor e julgador de fraquezas alheias, para brincar em outro personagem, o do enfermeiro (símbolo de quem cuida) e dar a “pílula da atenção”. Isso não está longe, porque agora, neste momento, pode ser eu ou você esta pessoa que necessita ser ouvida, que necessita quebrar a corrente da desconfiança e querer realmente nadar neste mar de possibilidades que existe neste pequeno espaço que nos divide, espaço que pode estar tão longe quanto as estrelas ou tão perto quanto um carinho.Tudo depende das nossas escolhas.
È isso que está faltando no mundo: voltarmos a ser naturais, livres. Nessa essência somos perfeitos, já que fazemos parte de um organismo também perfeito, onde mora um estado natural que, quando o perdemos ou tentamos resgatá-lo, damos o nome de respeito.

RES - ponsabilidade em simplesmente ser, PEITO de aceitar.

segunda-feira, 30 de julho de 2007


As idéias já nascem mortas...

Às vezes sou um pássaro


Às vezes sou um cemitério

... o que tem eu com as idéias.

domingo, 15 de julho de 2007

Verdade de um semáforo


O menino sentado no colo da mulher que é mãe-senhora, sentada no colo da árvore que amamenta sua cria, sua vida.
Cena bonita e poética a não ser pelo próximo momento.

Mão estendida pedindo perdão: por favor, uma esmola, pois trabalho não tenho não.
Minha dignidade é a minha cara lavada com as oportunidades que foram fechadas.

Peço porque tenho medo.

Peço porque tenho ventre.

Peço porque alimento.

Peço um pouco de respeito, pois o meu perco um pouco a cada não, a cada tombo, a cada romco de um estômago em depressão.
As escolhas talvez me foram apresentadas, mas nem na minha escola e nem na minha casa me foram dados os óculos para enxergá-las.

- É minha senhora, agora tens um filho para ensiná-lo o que a você nunca foi dito.
O que te sobras é essa coragem, mulher; produto escasso no mercado.
Pena que não possa vender para comprar o seu pão, o seu leite, o teto. Seu direito de mãe, mulher, amante, seu direito de ter RG.

REGISTRO DE GENTE.

Gente; quanto respeito ausente com um ser que é nosso parente!
A diferença está na mente dos que mentem dizendo que são diferentes.
Tantas esmolas sendo dadas e o respeito que é bom

Naaadaaaa.

Na piscina da omissão.

sexta-feira, 6 de julho de 2007


Eu acho que algumas verdades devem ser ditas de formas indiretas, pois caso contrário ditas de

formas diretas, podem causar uma dor de corte de navalha. São poucas as pessoas que agüentam um
corte sem ao menos sangrar uma lagrima.

Hei! Cuidado para aonde você aponta sua navalha, pois este instrumento manuseado de forma errada, pode causar um talho em seu dedo.
E a sua verdade vai aparecer.


terça-feira, 3 de julho de 2007

Segundos...


Ah!

Que vida mais bela que em tantos momentos me dá de presente encontros que são quase um poema.
Sentado cá estou e por um instante, em segundos, olhares se cruzam. Vejo os raios do sol em noite de neblina, a possibilidade do paraíso perante centímetros.
Vejo então como a natureza é linda, todos os contornos perfeitos. Desfecho de um arquiteto maestro.
Poucos segundos em sabor de minutos: te dispo e te beijo.
Desejo, pele, gozo, essa é minha oração.
Corpo parado e todo meu ser em excitação, morro neste instante por apenas um toque, somente um toque.
Quero ser gota que molha o botão de flor que desabrocha.
Perfume que sinto e louco quase fico. O pouco de consciência que me resta e por ela que fico aqui, sentado e estagnado.
Logo após vem o romper dos olhares, para que tudo não passe de uma coincidência.
E lá fico. Eu alimentado com as rebarbas de um prato de vontades.
Novamente sinto aquela sensação; corpo em alerta, pupilas se dilatam, ouvidos se fecham, espinha ereta.
Ah! Não posso mais acreditar em coincidência, tudo agora é um dejá-vù, com a certeza de que de onde vem a minha inspiração vem também um desejo, ou pelo menos o interesse é suspeitado.
Existe agora a confirmação. O que traz consigo a precisão do disfarce.
Mesmo que ao olharmos somos carregados para outro espaço, dentro do real estamos cercados.
Onde a realização desse desejo não existe sem o preço amargo do conflito.
A realidade agora me consome, mais ainda sinto o carinho da esperança que não vinga.
Onde o sonho fica na memória do desespero dos lábios. Como o mendigo à espera da esmola.
Com o olhar te desejo, com olhar te possuo e me entrego e com olhar escrevo, migalhas que me restam desse amor de segundos.



domingo, 1 de julho de 2007

Inteligência



Eu sou inteligente.
Inteligente, mas não do seu jeito.

Inteligente do meu modo de ser inteligente.

Tamanha minha inteligência que precisaria de uma junta de especialistas em inteligência para decifrar o ser inteligente que sou.

Como é difícil às vezes ser inteligentemente diferente.

Viver em um mundo onde inteligente é: estar dentro de padrões, formas e comportamentos ditados como inteligentes naquele momento.
É preciso ser muito inteligente para entender como nossa
inteligência condicionada nos empurra para situações não-inteligentes.

Eu sou Inteligente?

Meus pais eram inteligentes?

Meus filhos serão inteligentes?

Talvez, dependerá da inteligência de adaptação para as últimas tendências. Como camaleões inteligentes que se camuflam para sobreviverem em uma natureza que é inteligente.

Meu inteligente é: (dois pontos)

Saber que sou, inteligente, pois sou diferente e por isso sou igual a qualquer ser que ao nascer, nasce com o dom de ser inteligente.




quinta-feira, 28 de junho de 2007

Vagão

Passa boi, passa boiada, passa trem, passa estação, passa amor e desilusão,
Mas não passa a minha tendência a ilusão.

Aqui estou preso nas minhas recordações.
Penso que vejo, mas o que vejo já não é.
Por que o que passou, passou e é natural não ser mais.

Estou olhando o que passou, deixei de ver o que é.

Vichiii! Passou de novo...

Eita! Tendência à confusão, estar de corpo presente e mente ausente e coração, hummmmm esse nem sei não.
Por que complico o que de natureza é princípio?

Ajuda-me Caeiro, pois estou vendo os mistérios e não as cousas.
Agora danou-se, transformando poeta em santo.

Vaiii mente, passa, vai recordação.
Quero ficar aqui, só eu e a estação.


quarta-feira, 27 de junho de 2007

Sorriso sem nome


Chora menino que teu berço é frio e tuas mantas são as estrelas, isso quando elas aparecem.
Cheira a tua cola, essa mamadeira que o acalenta de um leite que te tiraram tão cedo.
Cuspida à distância é a sua brincadeira mais próxima de uma infância que não vê.
Este pega-pega, pega pulseira, pega carteira, pega comida, essa é a brincadeira da vida. Um pique-esconde, onde esconder é necessário para sobreviver.

Olha a polícia! Pega ladrãoo! Pá, Pá, Pá!

Eh! Brincadeira gostosa, quando nossas armas eram de madeiras, mas aqui não, bala é veneno e não doce.
Oh menino, o menor, o moleque, o maior, o pirralho, tantos nomes e nenhum sobrenome.
Vejo nos seus olhos e lembro de um outro menino há muito tempo atrás, brincando com seu estilingue e colhendo as melhores pedras, para as latas empilhadas derrubar, vejo que você também gosta de pedras e você nem escolhe, serve qualquer uma.

PEDRA, CACHIMBO E FUMAÇA.

Oh menino como queria te chamar por um nome.
Corre, corre, corre. Como a inocência é ágil quando se é criança, é tão fácil brincar.

VAI, VAI, CORRE!

Por favor menino, pega carona na calda do vento, faça o seu melhor pique-esconde, pois a brincadeira agora é vivo ou morto.
Vai menino sem nome, sem teto, sem berço, corre, pois o destino é certo.
Ai, meu Deus! Não menino, não pára, não é estátua é corre cotia na casa da vida, é corre cipó com cassetete na mão, o lencinho branco é você que não pode cair no chão, moça bonita é a bala no coração.
Não menino, não pára, não pára. NÃO PAA!


Pode jogar? Pode, ninguém vai olhar? Não.

fonte foto:http://www.flickr.com/photos/alexleitte/399229147/

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Selva de Pedra.


Ilumina a ti e tuas virtudes
Desmorone em tua escuridão.
E renasça na imensidão.

Beleza escondida por de trás
De rostos pálidos e corações encapuzados.
Pelo ritmo que te acerca.

Sinto teu fervor dentro de minhas artérias.
Comunicação de vida e morte a cada segundo.

Respiro a ti e te devolvo purezas e impurezas, emoções, histórias, amores e desilusões, no cinza eterno de outono.


foto:http://www.flickr.com/photos/felipeb/355293353/

domingo, 24 de junho de 2007

Bela é uma palavra...


Bela é uma palavra.

Onde um traço se forma no espaço.

Pintura viva, obra-prima de um artista
Que esculpe emoções no olhar da platéia.

Onde o sorriso toca meu coração e um
Simples gesto me leva para um outro estado.

Tudo fácil, simples e belo, como a união
Que se manifesta a minha frente.

Conexão entre forma, leveza e desejo.

Dança, apenas uma palavra.

Bela é uma palavra.
fonte da foto: www.interarteonline.com/Ceciclia_Rangel/altas...

sábado, 23 de junho de 2007

Apenas saber olhar...


O amanhecer enaltece a sua fúria, beleza que não compreendo. Doçura escondida por trás de um veú; seda magnífica e bela, obscura e sensível ao toque.

Tempo, o antídoto e processo da sua transformação, como a fênix que extrai da cinza o seu mais belo vôo.

Saber te decifrar, meu martírio e espinho.
Perco e me prendo em seus labirintos, pois como homem sou indefeso aos erros, perante um mundo que não conheço.

O segredo de Pandora está em observar e admirar e não abrir sua caixa; ato devasso, espelho de desgraças.

Sim... Observar e aceitar, como és divína e linda quando consigo te olhar.


fonte foto:www.southbeach-usa.com/.../images/tantra.jpg