sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Saudades

Saudades...

Palavra tão pequena, oito letras apenas.

Até parece. Que miséria!

Eu preciso de uma biblioteca. Não, também é pouco.

Ah! Saudades... apenas.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

MENINA


A menina de cera é bonita, ela é uma boneca de cera que se pinta para ficar mais bonita. Ela não


sabe que já é bonita.


Ela usa sua maquiagem para no espelho de seu banheiro não se ver.


Ela se vê no espelho da sala, sentada no sofá ou pelo menos acha.


Quem será a menina por trás da máscara de boneca pintada?


Ela não sabe que já é bonita?


Ela esqueçeu... Ela se perdeu, dentro de uma revista de moda...


Corre para o quintal menina e volta a brincar, nina a boneca no seu colo, só para você lembrar


que não precisa ser ela, para se encontrar.


O que será que tem por de trás da roupa dessa menina? É coração ou pilha?


Acorda menina do sonho que esconde o pesadelo, da aparência que disfarça a carência.


No final as lágrimas são adstrigente, mas por dentro da face o pó corroí.


O tempo é pavil, mas também é soro.


Acorda minha bela menina.




Olhe para mim por favor


Olhe de verdade um instante, me veja


Pois estou aberto mas não sei até quando


Olhe para mim, por favor...


para que eu possa me ver da forma que um espelho não me mostre.





Na solidão DES-FAÇO que a felicidade
é algo palpável.
foto: André Auke
modelo: Jéssica Fogaça

terça-feira, 9 de outubro de 2007

“Há os que se levantam e fazem,
e há os que sentam e choram.”
( Mestre DeRose).


Gasto um espaço do meu tempo a observar as pessoas ou ocasiões, que me mostrem esse exemplo, onde a superação se faz presente.
Casos onde quase todos se dariam o direito de sentir pena de si mesmos e deixar o fantasma do vitimismo assombrar, a autopiedade vestida de linda moça, convençendo-o sensualmente.
A mais bonita e frágil carência infantil, vir à tona e fazer do seu eu-adulto: Um carrinho de rolemã.
Tudo isso, assistido por uma platéia ferveroza de tourada espanhola lhe dizendo em coro grego:
“Coitado, que pena que dá. Oh! Que dó”.
Mas não! Certos seres humanos me mostram, sem mesmo me cobrarem, a grandeza das grandezas. Onde me pergunto como pode algo frágil ser forte? Um antagonismo que martela e quebra minha mente em cacos; pela não capacidade de compreensão. Pois compreender algo tão simples está além.
Mesmo montado no rabo de um cometa não alcançaria.
Mas ao fechar os olhos: Lá está, perto da alma e longe do tato.
Vejo esses homens e mulheres que teriam todo apoio da pláteia fervoroza, para sentarem e chorarem. Mas sua alma escolhe levantar e suas mãos, fazer.
Lembro-me e fortaleço-me nesses exemplos.
Para quando o meu vitimismo e seus derivados unirem-se com as minhas pláteias espanholas, que eu consiga manter a escolha de sempre levantar e fazer.
E quando sentar, que seja para tomar folêgo; quando chorar, que minhas lágrimas sejam a representação física de um estado de contentamento.
Esse não é um depoimento de acertos e pontos, ma sim de erros. Vários erros que me conduzirão ao acerto e traços como passos que dou em uma linha contínua que nunca sei ao certo qual será o seu fim.


Só sei, que vou seguir.


03/05/2006. Noite.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

C A C O S


Um parto me faço e parto em pedaços de cacos que se juntam a cada passo, dentro de um

quarto.

Para lá e para cá um parto a cada passo, apenas um pedaço para cada lado.

O dia define o parto em pedaços e a noite traz a forma do que por um momento foram

cacos. E assim que vai o dia e assim que passa a noite: de pedaços que partem em cacos e

voltam à forma, para que no outro dia o parto se faça.

E aqui eu me parto, bom dia

OU aqui eu me enquadro, boa noite.
foto: André Auke
modelo: Jéssica Fogaça

terça-feira, 11 de setembro de 2007

QUÍMICA


Preparo o espaço como um ritual único e sincero.
Tudo se faz importante: o ar, a luz, o som, tudo tem que exalar poesia.
Harmonia como acordes de uma música, onde as notas brincam e acasalam-se em fusão vibratória que penetra meus ouvidos e eroticamente acorda meu corpo.
A espera faz parte desse conto de prazer, onde viajo com as sensações que a de acontecer.
Sua silhueta me diz a história que contaremos.
Com curvas, pele, rios, desejos, suspiros e sorrisos.
Quanto mais te olho, mais te desejo, um desejo sem posse. Mas o desejo de prolongar essa magia que se faz, quando te conheço por dentro.
Agora não tem mais volta, o espetáculo começou.
Uma peça de atos indefinidos. Um balé, cujos movimentos lentos, enlaçados me fazem não pensar.
Somos um, dois, milhões de corpos, células gritando, aclamando esse sublime acontecimento.
Dignos de um deus e uma deusa. Sentimos todo poder da vida, a natureza nos assiste e nos aplaude.
Protagonizamos o mais belo, onde nada mais existe e tudo acontece.
E como um quadro vivo, desenhos e formas riscam o ar, cuja atmosfera já é quente, pois o sangue ferve e os poros exalam o resultado dessa experiência química.
Tudo é vibração, palavras, gemidos, sorrisos, silêncio.
Grito por dentro como um vulcão e por fora danço, uma dança que não tem nome.
Deixamos de pensar, deixamos de querer, deixamos de julgar, deixamos de ser...

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

EM UM QUARTO QUALQUER


As linhas se cruzam. A paisagem se funde.
A visita de um ser que não sou eu.

Meu amor, por favor, não ligue.
Por favor, não ligue...

Quero beijar minha tristeza, quero ficar a sós com ela.
Preciso estar nu para encontrá-la.
Preciso de uma ação, mas ela me paralisa.
Seus lábios encantam, me seduzem, necessito tocá-los.
Preciso de uma ação que não me paralise.
Tentei fugir, mas ela está aqui: clara.
Quero olhar dentro dos seus olhos, mas não consigo. Mas sei que você está aqui.
Preciso ficar nu, preciso estar nu.

Meu amor, por favor, não ligue.
Desta vez tenho que...

Ela me seduz e hoje deixarei ser seduzido.
Será o nosso encontro definitivo.
A paisagem, as linhas, eu, ela.

Vem. Agora te vejo. Estou pronto.
Pela primeira vez estou nu.

Vem minha querida tristeza, pois hoje te penetro e me encontro.
Que nesta cópula a minha entrega é VIDA e o meu gozo é MORTE.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

O que falta no mundo?


Respeito, muito respeito.
Não precisamos de amor nem de paz, isso já existe muito. Qualquer igreja ou religião tem amor para dar e vender (pelo menos isso é pregado). Qualquer ONG oferece a paz como voluntariado. AGORA, respeito, todos nós esquecemos na maioria das 24h do nosso dia.
O desrespeito por si torna-se uma bola de neve tão grande que, a falta de respeito pelo outro se transforma em algo sem medida.
O que falta no mundo não é a vontade de salvar o mundo, mas sim a coragem de salvar a relação, o campo de possibilidades que existe entre eu e você. Não precisamos ir longe, é no cotidiano que mora o segredo que não é segredo.
A busca pelo grande é para qualquer um. A busca pelo pequeno, é para poucos acordados.
“Estou neste momento respeitando algo que é natural em mim? Ou estou representando um papel que me imporam?”.
“Estou ciente que a diferença é natural, orgânica e bela? Ou ela representa um espelho que reflete a imagem do meu complexo de inferioridade, o qual criei por deixar de ser natural, ou seja, LIVRE”.
Quando esbravejamos, gritamos, impomos e pisamos, essas são algumas formas que tentamos esconder o “espelho” com um pano. Partimos para as mais difícieis e espetaculares proezas, menos a mais simples: a da humildade e respeito. A humildade de sermos pequenos e grandes, o respeito de saber que outro também é nas suas formas mais variadas e diferentes de ser.
O mundo está precisando do micro, e o micro está na relação, no dia a dia, na ação após ação, no agora, no olhar de verdade para esta pessoa que está ao meu lado ou à minha frente, de ouvir realmente o que ela tem a dizer.
Às vezes, facilmente, podemos sair do papel de inquisidor e julgador de fraquezas alheias, para brincar em outro personagem, o do enfermeiro (símbolo de quem cuida) e dar a “pílula da atenção”. Isso não está longe, porque agora, neste momento, pode ser eu ou você esta pessoa que necessita ser ouvida, que necessita quebrar a corrente da desconfiança e querer realmente nadar neste mar de possibilidades que existe neste pequeno espaço que nos divide, espaço que pode estar tão longe quanto as estrelas ou tão perto quanto um carinho.Tudo depende das nossas escolhas.
È isso que está faltando no mundo: voltarmos a ser naturais, livres. Nessa essência somos perfeitos, já que fazemos parte de um organismo também perfeito, onde mora um estado natural que, quando o perdemos ou tentamos resgatá-lo, damos o nome de respeito.

RES - ponsabilidade em simplesmente ser, PEITO de aceitar.

segunda-feira, 30 de julho de 2007


As idéias já nascem mortas...

Às vezes sou um pássaro


Às vezes sou um cemitério

... o que tem eu com as idéias.

domingo, 15 de julho de 2007

Verdade de um semáforo


O menino sentado no colo da mulher que é mãe-senhora, sentada no colo da árvore que amamenta sua cria, sua vida.
Cena bonita e poética a não ser pelo próximo momento.

Mão estendida pedindo perdão: por favor, uma esmola, pois trabalho não tenho não.
Minha dignidade é a minha cara lavada com as oportunidades que foram fechadas.

Peço porque tenho medo.

Peço porque tenho ventre.

Peço porque alimento.

Peço um pouco de respeito, pois o meu perco um pouco a cada não, a cada tombo, a cada romco de um estômago em depressão.
As escolhas talvez me foram apresentadas, mas nem na minha escola e nem na minha casa me foram dados os óculos para enxergá-las.

- É minha senhora, agora tens um filho para ensiná-lo o que a você nunca foi dito.
O que te sobras é essa coragem, mulher; produto escasso no mercado.
Pena que não possa vender para comprar o seu pão, o seu leite, o teto. Seu direito de mãe, mulher, amante, seu direito de ter RG.

REGISTRO DE GENTE.

Gente; quanto respeito ausente com um ser que é nosso parente!
A diferença está na mente dos que mentem dizendo que são diferentes.
Tantas esmolas sendo dadas e o respeito que é bom

Naaadaaaa.

Na piscina da omissão.

sexta-feira, 6 de julho de 2007


Eu acho que algumas verdades devem ser ditas de formas indiretas, pois caso contrário ditas de

formas diretas, podem causar uma dor de corte de navalha. São poucas as pessoas que agüentam um
corte sem ao menos sangrar uma lagrima.

Hei! Cuidado para aonde você aponta sua navalha, pois este instrumento manuseado de forma errada, pode causar um talho em seu dedo.
E a sua verdade vai aparecer.


terça-feira, 3 de julho de 2007

Segundos...


Ah!

Que vida mais bela que em tantos momentos me dá de presente encontros que são quase um poema.
Sentado cá estou e por um instante, em segundos, olhares se cruzam. Vejo os raios do sol em noite de neblina, a possibilidade do paraíso perante centímetros.
Vejo então como a natureza é linda, todos os contornos perfeitos. Desfecho de um arquiteto maestro.
Poucos segundos em sabor de minutos: te dispo e te beijo.
Desejo, pele, gozo, essa é minha oração.
Corpo parado e todo meu ser em excitação, morro neste instante por apenas um toque, somente um toque.
Quero ser gota que molha o botão de flor que desabrocha.
Perfume que sinto e louco quase fico. O pouco de consciência que me resta e por ela que fico aqui, sentado e estagnado.
Logo após vem o romper dos olhares, para que tudo não passe de uma coincidência.
E lá fico. Eu alimentado com as rebarbas de um prato de vontades.
Novamente sinto aquela sensação; corpo em alerta, pupilas se dilatam, ouvidos se fecham, espinha ereta.
Ah! Não posso mais acreditar em coincidência, tudo agora é um dejá-vù, com a certeza de que de onde vem a minha inspiração vem também um desejo, ou pelo menos o interesse é suspeitado.
Existe agora a confirmação. O que traz consigo a precisão do disfarce.
Mesmo que ao olharmos somos carregados para outro espaço, dentro do real estamos cercados.
Onde a realização desse desejo não existe sem o preço amargo do conflito.
A realidade agora me consome, mais ainda sinto o carinho da esperança que não vinga.
Onde o sonho fica na memória do desespero dos lábios. Como o mendigo à espera da esmola.
Com o olhar te desejo, com olhar te possuo e me entrego e com olhar escrevo, migalhas que me restam desse amor de segundos.



domingo, 1 de julho de 2007

Inteligência



Eu sou inteligente.
Inteligente, mas não do seu jeito.

Inteligente do meu modo de ser inteligente.

Tamanha minha inteligência que precisaria de uma junta de especialistas em inteligência para decifrar o ser inteligente que sou.

Como é difícil às vezes ser inteligentemente diferente.

Viver em um mundo onde inteligente é: estar dentro de padrões, formas e comportamentos ditados como inteligentes naquele momento.
É preciso ser muito inteligente para entender como nossa
inteligência condicionada nos empurra para situações não-inteligentes.

Eu sou Inteligente?

Meus pais eram inteligentes?

Meus filhos serão inteligentes?

Talvez, dependerá da inteligência de adaptação para as últimas tendências. Como camaleões inteligentes que se camuflam para sobreviverem em uma natureza que é inteligente.

Meu inteligente é: (dois pontos)

Saber que sou, inteligente, pois sou diferente e por isso sou igual a qualquer ser que ao nascer, nasce com o dom de ser inteligente.




quinta-feira, 28 de junho de 2007

Vagão

Passa boi, passa boiada, passa trem, passa estação, passa amor e desilusão,
Mas não passa a minha tendência a ilusão.

Aqui estou preso nas minhas recordações.
Penso que vejo, mas o que vejo já não é.
Por que o que passou, passou e é natural não ser mais.

Estou olhando o que passou, deixei de ver o que é.

Vichiii! Passou de novo...

Eita! Tendência à confusão, estar de corpo presente e mente ausente e coração, hummmmm esse nem sei não.
Por que complico o que de natureza é princípio?

Ajuda-me Caeiro, pois estou vendo os mistérios e não as cousas.
Agora danou-se, transformando poeta em santo.

Vaiii mente, passa, vai recordação.
Quero ficar aqui, só eu e a estação.


quarta-feira, 27 de junho de 2007

Sorriso sem nome


Chora menino que teu berço é frio e tuas mantas são as estrelas, isso quando elas aparecem.
Cheira a tua cola, essa mamadeira que o acalenta de um leite que te tiraram tão cedo.
Cuspida à distância é a sua brincadeira mais próxima de uma infância que não vê.
Este pega-pega, pega pulseira, pega carteira, pega comida, essa é a brincadeira da vida. Um pique-esconde, onde esconder é necessário para sobreviver.

Olha a polícia! Pega ladrãoo! Pá, Pá, Pá!

Eh! Brincadeira gostosa, quando nossas armas eram de madeiras, mas aqui não, bala é veneno e não doce.
Oh menino, o menor, o moleque, o maior, o pirralho, tantos nomes e nenhum sobrenome.
Vejo nos seus olhos e lembro de um outro menino há muito tempo atrás, brincando com seu estilingue e colhendo as melhores pedras, para as latas empilhadas derrubar, vejo que você também gosta de pedras e você nem escolhe, serve qualquer uma.

PEDRA, CACHIMBO E FUMAÇA.

Oh menino como queria te chamar por um nome.
Corre, corre, corre. Como a inocência é ágil quando se é criança, é tão fácil brincar.

VAI, VAI, CORRE!

Por favor menino, pega carona na calda do vento, faça o seu melhor pique-esconde, pois a brincadeira agora é vivo ou morto.
Vai menino sem nome, sem teto, sem berço, corre, pois o destino é certo.
Ai, meu Deus! Não menino, não pára, não é estátua é corre cotia na casa da vida, é corre cipó com cassetete na mão, o lencinho branco é você que não pode cair no chão, moça bonita é a bala no coração.
Não menino, não pára, não pára. NÃO PAA!


Pode jogar? Pode, ninguém vai olhar? Não.

fonte foto:http://www.flickr.com/photos/alexleitte/399229147/

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Selva de Pedra.


Ilumina a ti e tuas virtudes
Desmorone em tua escuridão.
E renasça na imensidão.

Beleza escondida por de trás
De rostos pálidos e corações encapuzados.
Pelo ritmo que te acerca.

Sinto teu fervor dentro de minhas artérias.
Comunicação de vida e morte a cada segundo.

Respiro a ti e te devolvo purezas e impurezas, emoções, histórias, amores e desilusões, no cinza eterno de outono.


foto:http://www.flickr.com/photos/felipeb/355293353/

domingo, 24 de junho de 2007

Bela é uma palavra...


Bela é uma palavra.

Onde um traço se forma no espaço.

Pintura viva, obra-prima de um artista
Que esculpe emoções no olhar da platéia.

Onde o sorriso toca meu coração e um
Simples gesto me leva para um outro estado.

Tudo fácil, simples e belo, como a união
Que se manifesta a minha frente.

Conexão entre forma, leveza e desejo.

Dança, apenas uma palavra.

Bela é uma palavra.
fonte da foto: www.interarteonline.com/Ceciclia_Rangel/altas...

sábado, 23 de junho de 2007

Apenas saber olhar...


O amanhecer enaltece a sua fúria, beleza que não compreendo. Doçura escondida por trás de um veú; seda magnífica e bela, obscura e sensível ao toque.

Tempo, o antídoto e processo da sua transformação, como a fênix que extrai da cinza o seu mais belo vôo.

Saber te decifrar, meu martírio e espinho.
Perco e me prendo em seus labirintos, pois como homem sou indefeso aos erros, perante um mundo que não conheço.

O segredo de Pandora está em observar e admirar e não abrir sua caixa; ato devasso, espelho de desgraças.

Sim... Observar e aceitar, como és divína e linda quando consigo te olhar.


fonte foto:www.southbeach-usa.com/.../images/tantra.jpg