quarta-feira, 27 de junho de 2007

Sorriso sem nome


Chora menino que teu berço é frio e tuas mantas são as estrelas, isso quando elas aparecem.
Cheira a tua cola, essa mamadeira que o acalenta de um leite que te tiraram tão cedo.
Cuspida à distância é a sua brincadeira mais próxima de uma infância que não vê.
Este pega-pega, pega pulseira, pega carteira, pega comida, essa é a brincadeira da vida. Um pique-esconde, onde esconder é necessário para sobreviver.

Olha a polícia! Pega ladrãoo! Pá, Pá, Pá!

Eh! Brincadeira gostosa, quando nossas armas eram de madeiras, mas aqui não, bala é veneno e não doce.
Oh menino, o menor, o moleque, o maior, o pirralho, tantos nomes e nenhum sobrenome.
Vejo nos seus olhos e lembro de um outro menino há muito tempo atrás, brincando com seu estilingue e colhendo as melhores pedras, para as latas empilhadas derrubar, vejo que você também gosta de pedras e você nem escolhe, serve qualquer uma.

PEDRA, CACHIMBO E FUMAÇA.

Oh menino como queria te chamar por um nome.
Corre, corre, corre. Como a inocência é ágil quando se é criança, é tão fácil brincar.

VAI, VAI, CORRE!

Por favor menino, pega carona na calda do vento, faça o seu melhor pique-esconde, pois a brincadeira agora é vivo ou morto.
Vai menino sem nome, sem teto, sem berço, corre, pois o destino é certo.
Ai, meu Deus! Não menino, não pára, não é estátua é corre cotia na casa da vida, é corre cipó com cassetete na mão, o lencinho branco é você que não pode cair no chão, moça bonita é a bala no coração.
Não menino, não pára, não pára. NÃO PAA!


Pode jogar? Pode, ninguém vai olhar? Não.

fonte foto:http://www.flickr.com/photos/alexleitte/399229147/

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi, amor!
Adorei este seu poema. Ele é muito criativo.
Continue expressando esse outro lado artístico.
Beijos,

Jé.

Babu Rodrigues disse...

Gostei muito do seu blog e especialmente desse poema.
Lindo, lindo,lindo.
Essa é a nossa realidade...onde vamos parar???
Forte Abraço

Anônimo disse...

André ficou tão bom este poema que cheguei a confundi-lo com Fernando Pessoa, devido suas emoções. Amei escuta-la de sua boca no curso, ouve muito mais emoção ainda.

Não pare de escrever, pois tem futuro.

Beijos...

rosany