quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A OMELETE NO BOTECO (ou treinamento ninjutsu de boteco).

Descrevo aqui algumas das personagens desse causo: Duas cervejas. Long neck. Um certo número de palavras que me perco agora em defini-las, mas que se dividem em poemas e crônicas. Uma omelete (de legumes), acompanhada de uma saladinha. Um amigo, Quintaninha! Vulgo: Mario Quintana. E, a partir daqui, o causo desenvolve-se.  
Um flerte. Uma garota na mesa à frente, não exatamente a próxima, mas umas três mesas à frente em diagonal. Percebo que ela está me olhando, bebe também uma cerveja de marca diferente da minha. Entre um gole e outro, me olha. Eu entre algumas palavras lidas e outras, olho também. Parece-me que ela gostou do que vê, a julgar pela forma de olhar e pela capacidade de não parar de olhar (cada olhar um gole). Talvez, a imagem pudesse ser um pouco estranha para ela. Em uma noite de um sábado carnavalesco qualquer, um rapaz de calças de moletom “saruel,” chinelos tipo havaianas, tipo, não, havaianas mesmo; sentado sozinho em uma mesa de bar (quase boteco), tomando sua cerveja, óculos, uma echarpe no pescoço (estilo, talvez?!). E lendo um livro. “LENDO UM LIVRO!” Oh! My God! Não teria que ser um smartphone com a senha wifi do estabelecimento? Ai, se ela soubesse que era de poesia, nem sei o que poderia pensar...
E esse flerte de goles e olhares seguiu-se até o momento de um rapaz entrar vindo da rua, beijá-la a testa, e depois na boca (selinho). Ela diminuiu a intensidade nos olhares, claro. Mas, antes fez um gesto bem sutil que confesso não ter compreendido nada e como não compreendi nem sei se conseguiria descrevê-lo. Enfim, continuei a fazer o que já estava fazendo; conversar com meu amigo Quintana, entre um gole e outro. Até porque já tinha devorado a omelete (sozinho).
A garota, quando podia (com menos frequência agora), tomava um gole e levava seus olhos para minha mesa. Minutos depois paguei a conta para voltar logo ao meu quintal, onde minha espreguiçadeira me esperava com certa saudade. Sobre o “possível” namorado? Bom! Quem mandou ser fumante?
Tem uma parte nesse “causo” que talvez, deveria estar inserida algumas frases antes, mas... Existiu um espaço-tempo entre esse pagar a conta e ir embora, pois a fila do caixa estava grande. Foi o tempo para mais quatro poesias, três crônicas e “dois” flertes, mais ou menos. Foi o tempo dela ir ao banheiro, voltar, passar pelo caixa e deixar cair um guardanapo no chão ao lado dos meus pés com havaianas. Foi o tempo também, do rapaz fumar mais um cigarro. Caro e cara leitora devem estar imaginando o que teria neste guardanapo suicida. Bom, minha amiga e amigo, ficamos na mesma situação de curiosidade não correspondida. Pois, no mesmo instante em que o tal guardanapo beijava aquele chão de boteco, minha atenção era obrigatoriamente solicitada pelo Caixa solicitando a senha. E entre a indecisão de colocar tais números e abaixar para o resgate do artefato, o garçom esse “ser” com treinamentos de ninja, foi muito mais ágil e eficiente do que eu e o papel misterioso.

- Senhor, por favor, a senha do cartão.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Por essas manhãs...

Se pela manhã quando acordo e você está dormindo.
 Eu sonho.

Se pela manhã quando você acorda e eu te olho.
 Eu sonho.

Se pela manhã quando você se espreguiça por toda cama.
Eu sonho.

Se pela manhã quando você levanta com seu caminhar lento e preguiçoso, até o banheiro.
 Eu sonho.

Se pela manhã lhe observo sentada, tomando uma xícara de café.
 Eu sonho.

Eu sonho.

Eu sonho em estar sempre acordado.
Para nunca, você ser apenas um Sonho.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Crucificado




Desejou ser apenas instinto.
A mente o julgou.
Crucificou o desejo.
Mas todo gozo é liquido e escorre como água.
Não se prende em amarras.
Mesmo calado, escondido...
Seu grito será sempre livre.
Não há discurso e nem protestos.
Apenas um corpo exposto.
Carne, pele e liquido.

domingo, 10 de janeiro de 2016

diário de uma noite em gotas


chove lá fora.
aqui dentro; uma musica ao longe...
corpo nu, gosto de café nos lábios.
sinto um sentir, de não precisar sentir.
apenas a luz do abajur.
tenho olhos sensíveis, só saio na rua de óculos escuros.
gosto do dia, mas a noite dança muito melhor.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

2016

caia em mim
quero lhe penetrar inteiro
deita em mim, vou lhe beber...
não seja tímido, pois vou lhe comer
regado e temperado de vinho e poesia.