sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Poema de um dia só.


Essa manhã eu fui para um lugar onde eu não estava.
Fiquei por lá, algum tempo. Olhando todas as coisas que não existiam.
Encontrei coisas fora do lugar e outras que queriam mudar.
À tarde fui para um lugar onde eu pensava em me encontrar.
Fiquei por lá um bom tempo.
Espantei-me com as coisas que não achei e como elas conversavam de coisas que eu nunca visitei.
Pacientemente esperei a noite chegar. Várias coisas passaram. 
E aqui estou. Há muito tempo, esperando qualquer coisa passar.




terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sou Alvedrio.


Sou alvedrio, estou no olho.
Dele não saio. Nele observo as veredas, talvez de uma salvação.
Essa que não existe a ninguém.
Estou pasmo com a degustação das desculpas humanas.

Estou no olho, nele mexo e reviro.
Quero ver e sentir algo de vivo.
Algo que não se mostra mais.
Trocaram a presença pela covardia.
Na cara limpa e nem me avisaram.

Nem um e-mail, telefonema, msn, twiter que seja.
Hoje as dores são os símbolos da omissão.
São estrelas que andam em tapetes vermelhos.
Convidados ilustres, aclamados e chamados.

E por que não? Por que seria diferente?
Poder esconder qualquer coisa que você queira?
Então por que não torná-la a dona da sua vida?
Um convite quase impossível de recusar.

Vem, despeja seu ácido corrosivo.
Liquido dessa hipocrisia insatisfeita que é a sua biografia.
De onde está não saberá fazer outra coisa mesmo.
Levante seus olhos na minha frente. Tente.
Pois minhas costas já estão cansadas do seu olhar medíocre.

Outras orelhas estão aborrecidas das suas palavras sem ação.
Olhe-me nos olhos, recite seu verbo em meus ouvidos e você verá pela primeira vez. 
Pela primeira vez você verá um outro mundo.
Tenha coragem e fite os meus olhos e sinta quem você é.

É agora, não existe depois.
Estou no olho e para ele eu te chamo. Guarde sua covardia
Para quando ir ao banheiro. É lá que as merdas devem ficar
E não onde você as coloca neste momento.
Boca de verbos desnecessários.

Perca esse momento e o depois será apenas a consciência.
A consciência tornando-se consciente da sua escolha:
Nasceu homem, mas escolheu viver e morrer Ameba.

foto: André Auke - Paris.