quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Oca

Cadê a MinhOca?
Cadê?
Minha Oca.
Olha! A MinhOca andando.
Ela é do Tamanho do A.
Eu vi um dia o TamanduÁ, Flor e sendo na manhã.
Foi quando perdi o arquivo da minha memoria  RAM.
Mas, cadê a Minha Oca?
Lá tinha uma Rã.
Tinha, dentro da latinha!
Deve estar com aquela menina, que gosta de Formiga.
Mas, se ela For Amiga, tudo bem.
Ela e o Passarinho sempre Passa, indo e vindo a procura de MinhOca.
Enquanto eu, ainda procuro...
A Minha Oca.


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Poesia



Se não fosse ela... O hospício seria meu endereço certo.
Nem a espiritual fé, nem o racional da lógica, nem nada.
Apenas nela eu confio e me guio.
Mas, quando digo "ela" me refiro a sua essência e não aquela falada da boca para fora.
Essa é apenas um pequeno instrumento e nada mais, qualquer um pode usa-la e depois ser "depois".
A outra estrutura um caráter, estrutura um "ser".
A outra é maior que o mundo, a outra é mais antiga que o mundo, a outra é além da fala, da palavra, da compreensão ou do entendimento.
Pior! Tentar compreende-la, já é um sinal claro que não está mais no caminho, tomou outro rumo...
O nome não mudará, mas ela?
Já não estará.

terça-feira, 27 de outubro de 2015



Eram apenas olhos.
Não. Eram olhos perdidos dentro de um olhar.
Longe e tão perto o seu mundo aproximava-se de mim.
Eu ali com meu ofício de atuar e de repente de assalto sou roubado, viajo...
E no meio estrada, conheço uma linda mulher de olhos castanhos escuros.
De imediato travamos uma conversa, ela me conta sobre um passado; lembranças de um poeta.
Ela o olhava, debruçada sobre sua pequena cadeira de escola.
Enquanto ele o poeta, contava a historia de um menino que não queria perder o seu olhar...
Sem terminar a nossa prosa, sem ao menos me contar o final do poema, aquela linda mulher continuou o seu caminho, lá no futuro, (talvez).
Quando percebi a estrada já tinha sumido e eu estava de volta em meu ofício; falando poesias para um grupo de crianças.
Foi ai que percebi...
Uma linda "menina" de olhos castanhos escuros, me espiando do fundo da sala.
Não. Me olhando.
E naquele exato momento, fixado em seus olhos, percebo...
Eu sei, o final do poema.




quarta-feira, 10 de junho de 2015

Divino colo

Se tem homens que tem "mimi" com isso? Não sei.
Só sei que adoro e não é fetiche.
Mulé de colo suado. Coisa mais sexy não existe.
O colo divino que já é acompanhado daquele brilho especial.
Molhado... Gotas que nascem desse corpo abençoado.
Seja com sua saia rodada, pés descalços, trazendo a lata d´água na cabeça, lá da bica,
ao longe.
Ou as da cidade, com aquele decote discreto, que diz e não diz.
E na correria dos escritórios com seu terninho preto, cobrindo os ombros, mas o colo está lá.
Lindo! Molhado! Suado!
E quando as gotas vêm de tanto girar na roda de samba.
Ai, ai, ai. Ai, eu morro.
O colo sendo casa de chuva, a nuca suada, os fios de cabelo grudados na testa e aquele sorriso largo no rosto.
Rosto molhado de tanto brincar pulando.
Eu já disse, eu morro.
Fico hipnotizado.
Vejo uma gota surgindo da sua nuca, deslizando vértebra por vértebra, parando e unindo com outras nas ancas, para depois continuar o seu caminho, se perdendo de vista nas últimas curvas.
Uma Deusa que dança.
E ao sair do banho, então? Cheiro de lavanda e o colo não secado, gotas de chuveiro.
Mas, onde realmente me entrego nesse desejo.
Onde sou inteiro servo e rei ao mesmo tempo.
É quando minha boca, meus olhos, minha língua e meu sexo se deleitam sendo Um com Ela.
Seu colo e o meu peito.
Todo colo é por si, admirável.
Mas, talvez uma mulher com o colo seco traga consigo um pouco daquela tristeza.
Tristeza sem lágrimas, sem gotas, tristeza seca.
Que seja na alegria ou na tristeza.
Principalmente no prazer...
Que seja molhado e suado o vosso colo divino.

terça-feira, 5 de maio de 2015

A maré vai, a maré vem...



Sou homem livre.
Onde me prendem, eu não fico.
Sei receber ordens e respeito hierarquias, foi assim que aprendi na educação de família.
Mas também sou pessoa de pensamento e ação nos sentimentos.
Quando for preciso, minha opinião eu digo.
Saber calar é sabedoria vivida.
Estou na escola, mas não tenho diploma, papel tem outro oficio.
Eu vim da mandinga, minha segunda educação.
É na vadiagem que aprendi a dar valor ao mundão.
É dela, da capoeira que falo.
Não o jogar de pernas apenas, tem malandragem, e da boa.
Já me salvou e não foi pouco das espreitadas na vida.
Quem não a conhece só vê, não enxerga o invisível.
Não falo de pulos, falo de mistério, do escondido.
Foi ela que me ensinou andar na vida, de peito aberto, cabeça erguida, no meio da rua, pois calçada tem esquina.
Balançando os braços e de mãos livres, sempre pronto para um abraço ou cumprimento amigo.
Ela não ensina briga, vem é de defesa, de libertação.
É de dentro para fora que acontece a ação.
Mas não vai se enganando, precisando tem cabeçada e rasteira, nem precisa de mais pra fazer o peão comer poeira.
E embaixo, lá no chão, o capoeira sai no rolê e da aú, faz rotação, movimento natural da esfera da terra.
Nas ladainhas é que se aprende muita coisa, que Dr. Diplomado não sabe não.
Por isso repito: Sou homem livre, sei obedecer, mas sou camarada de pensar e agir de coração.
Quer prosear? Vem com argumento, papo bom nunca dispenso.
O mestre ensinou – Respeito é doce do bom e não quebra os dentes.
Digo: Quem não a conhece, não enxerga o invisível.
É ai que mora o perigo, desconhecer o que não é visto e sim sentido.
A capoeira ensina tudo que tem na vida.
Tem hora que está torta e tem hora que apruma.
E uma coisa é certa, em algum momento o camarada escorrega, e aí com o chão se acerta.
E não é exatamente no chão, que o corpo termina sua estadia?
Quando o berimbau do peito desafina?
Eu vou é brincar, jogar, orar e cantar até o meu pandeiro cessar.
Até lá, tudo é pura vadiação.
Vim pra cultivar amizades, não sou de briga, perda de tempo e energia.
Hoje a luta é na mente, nos pensamentos, é isso que gera ação defensiva.
Aí sim, muita esquiva e cocorinha se fazem necessário, mas estou sempre amparado, tenho companhia.
Como diz a musica: Não mexe comigo, que eu não ando sozinho.
Não é corpo fechado de macumba, é confiança.
Amigos sempre são bons, tanto aqui como acolá.
Lembre-se; é só enxergar o invisível.
A maré vai, a maré vem e a praia fica limpa.
Está na roda, está na vida.
Bora jogar, bora brincar e se a humildade não vem de berço, uma hora ou outra na roda o camará
aprende.
E se escorregar, dá um sorriso e a gente dá a volta no mundo.
Depois no pé do berimbau começamos tudo de novo.
Somos todos livres, nossas amarras são os pré-conceitos.
Mas, pra isso temos a benção e a meia lua de compasso, golpes certeiros pra fazer justiça.
A ginga é tua e única.
É assim que se movimenta na vida, na roda.
Na roda da vida.
A maré vai, a maré vem...



segunda-feira, 20 de abril de 2015

Ela foi embora, doce como nascestes.
Não queria, mas foi.
A natureza é livre, mesmo diante dos nossos desejos mais puros.
Aquela pele sensível do tempo. O tempo que a fez sabia e tanto me ensinou.
Suas vértebras já lamentavam tantos outonos e primaveras.
Experiências vividas em uma estrada árdua de lutas, amores, vitórias, filhos e netos. 
Não adianta. Hoje só tenho as fotografias.
Ficaram as lembranças, os cafunés e o gosto do bolo de fubá.
Não adianta as lágrimas salgadas.
Ela se foi, doce.
Doce como seus conselhos, doce como sua voz, doce como suas broncas.
Em tantas luas foi o meu colo.
Em tantas tardes foi o aroma do café com ouvidos atentos.
Eu tenho uma caixinha onde guardo nossos abraços e balanços.
Quando a tristeza vem me visitar, abro a caixinha devagar e de repente o vento vai mudando a sua direção, vem manso ao meu encontro.
E ali sinto um perfume conhecido, fecho os olhos e me torno leve.
Rosas com cabelos brancos ao sair do banho.
A fragrância mais doce que eu já conheci.

De manhã quando ela acorda faz do seu dia um arco.
Colorido, lento, gasto pelo tempo.
Enverga em seu peito um sofrimento.
Esse espaço que vacila no vazio.
O amor que tanto deu e que agora só golpeia
Torna-se o alvo da flecha amada.
Mesmo assim no final da tarde sacode a poeira do cansaço.
Limpa a sujeira da ingratidão.
E guarda em uma sacola bonita.
Deixando atrás da porta, para quem sabe um dia, quando partir
Seus queridos voltem ali.
E leiam suas palavras esquecidas.
De noite, bem de noitinha, lá nos seus sonhos.
Ela abre a sacola amarrada com fitinhas coloridas e retira dela, suas historias bem definidas.
Nestas, ela volta a ser menina, mulher, volta a ser vista.
Nas histórias de sua sacola ela é sempre cuidada, sempre querida.

Sempre amada.

sábado, 18 de abril de 2015

Os meninu é  viajado nas Europa e  States.
Na veia sucrilhos  e danonin.
Nós aqui é na farofa e as vez banana assada e mandioca.
Nossas viagem é na venda do Pedro da D. Maria, contador de causos dos tempo de tupiniquim.
Meu saber não é letrado não senho, como os meninu de cabelo lisim.
Minhas faculdades cheira terra molhada e também batida.
Muitas professoras e professores eu tive, atravessando as picadas do mato.
Inté de noite aprendo com a lua, alumiando e fazendo brilho no zoio de jaguatirica.
Mas, no finar não faz diferença. Nós é tudo iguar.
Debaixo da terra ou mesmo sentado no botequim da Tiana.
Porém uma coisa é certa ; pra que tanta viajem e conhecimento lá fora e não saber cuida da casa.
Tem que aprender com a natureza que tanto nós dá, não precisa roubar.
Nosso  País é casa grande, coisa imensa, necessita atenção.
Juntando os dois saber; da terra e das letra, acho que dá pra fazer a coisa melhorar. Limpar sabe.
Mas, é preciso de caráter e vontade de ajudar, trabalhar. E isso tá difícil, parece que é até caro.
Deve ser por isso que precisam de tanta prata.
 É muito tostão em um só lugar e muito mendigar, onde água e arroz seriam motivo  de  festa daquelas de rojão soltar.
E pensar que se cada um pegasse o seu tipo de inchada e fizesse o seu meior.
Todo lugar tem sua inchada; é na roça, no planarto, nos hospitar, na pulicia, em tudinho de lugar.
Borá capinar bunitinho né meu povo que de resto a terra nós dá.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Viajarei pelas tardes em barcos de insônia, guiado por 7 luas.
7 prazeres.
7 vidas.
7 incertezas.
28 chances.
28 virtudes.
Não me pergunte sobre voltas, a viagem será longa.
Tenho como timoneiro o meu parceiro; vento.
Não tenho datas para os portos, nem sei quando parto.
Do meu saber, só faz parte o que me guia.
A terra nos dá raízes, mas raízes são para pessoas que gostam de bandeiras.
E a minha foi rasgada no ato do meu nascimento, momento esse que marca a nossa escravidão.
A viagem será banhada de solitude, preciso de um barco apenas ou nem isso.
Meus pés e braços conhecem a leitura das luas.
E caso naufrague, serão as minhas buscas a minha ilha de Ítaca.

domingo, 5 de abril de 2015

Sei saber de um dia
que jamais saberei te amar.
Sabendo disso, amarei o que for sabido
mesmo não sabendo ao certo, quando esse dia chegará.
Se ontem eu já soubesse
hoje eu já teria te amado.
A morte é o único caminho para entendimento da vida.
Fugir dela é assumir o não viver.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O dia que a poesia me pegou.
Uma senhora estava sentada, tomando o seu banho de sol na piscina.
Um rapaz aproximou-se e a abordou com um leve sorriso e perguntou.
- Aceita uma poesia?
A senhora olhou para ele com simpatia e respondeu:
- Não, obrigado. Não gosto.
Aquela frase passou pelos tímpanos do rapaz, com certa arranhadura.
Mas, ele pensou: É o direito dela, tem que ser respeitado.
E assim despediu-se e virou as costas para ir embora.
Só tinha um pequeno problema, aquele rapaz era um rebelde e como tal, tem a alma incomodada.
Ele deu meia volta.
Pediu a atenção da senhora, olhando em seus olhos e perguntou:
- E de café, você gosta?
- Sim! Adoro.
Então, lá do fundo no livro de suas histórias, abriu na pagina da coragem e disse:
- Quero lhe fazer um desafio, aceita?
- Diga.
- Ouve minha poesia, e caso você não goste, lhe recompenso pagando um belo café. Topa?
A senhora pensou...
- Aceito.
E foi neste momento que o rapaz fez a sua melhor poesia.
Os pelos de seu corpo já mostravam que nas primeiras frases, ele já estava totalmente tomado por ela, (a poesia).
O tempo estacionou por alguns instantes.
Ele terminou, olhando para ela.
Silêncio entre os dois.
- Aceita um café?
Silêncio.
- Não.
(Risos).
O corpo padece.
A mente anoitece.
O sorriso emudece.
Calo a minha língua.
Pois, beijo não há mais.
Apenas uma boca enferrujada.
Suspendida no teu grito.
Minhas palavras estão amarradas.
Três nós - Três lágrimas.
No peito, a única flor que existia.
Enferruja como lata vazia.
Sobe a pipa.
Aqui embaixo o som do apito.
Vem avisar, tanto do céu como da terra.
Não tem mais tempo.
Não tem mais graça.
Ou acordas ou vira trapo.
Estamos sem nada.
Cadê a dignidade? Saiu para almoçar com a navalha.
Humanismo dançou nas mascaradas dos carnavais passados.
Vamos fechar as portas! É preciso de um balanço.
Sem cordas.
Mas, ninguém quer saber...
O que importa agora é sair e beber.
Vai meu Brasil adocicado.
Balança essas ancas e depois choras com a alma.
Ela estará suja, pois quando abrir a torneira, esta estará muda.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Não venha com inveja.
Me defendo é com Pimenta.
Não se preocupa, é doce.
É bico.
Biquinho de moça.
Pois teu mau eu já conheço, é falta de tempero.
É falta de carinho.
Ela foi embora. Doce.
Não queria, mas foi.
A pele queima.
As vértebras lamentam.
Não adianta.
Ficou apenas o sal; suor e lagrimas.
Não adianta.
Ela se foi, doce.
Um suicídio a beira-mar.
Morreu afogado nas encostas da praia.
As angústias, lágrimas e não-amores.
Lavados em sal marinho o corpo não velado.
Apenas a imortal alma, salvou-se.
Limpa, intacta.
Descansa em paz, um passado cansado.