segunda-feira, 20 de abril de 2015

Ela foi embora, doce como nascestes.
Não queria, mas foi.
A natureza é livre, mesmo diante dos nossos desejos mais puros.
Aquela pele sensível do tempo. O tempo que a fez sabia e tanto me ensinou.
Suas vértebras já lamentavam tantos outonos e primaveras.
Experiências vividas em uma estrada árdua de lutas, amores, vitórias, filhos e netos. 
Não adianta. Hoje só tenho as fotografias.
Ficaram as lembranças, os cafunés e o gosto do bolo de fubá.
Não adianta as lágrimas salgadas.
Ela se foi, doce.
Doce como seus conselhos, doce como sua voz, doce como suas broncas.
Em tantas luas foi o meu colo.
Em tantas tardes foi o aroma do café com ouvidos atentos.
Eu tenho uma caixinha onde guardo nossos abraços e balanços.
Quando a tristeza vem me visitar, abro a caixinha devagar e de repente o vento vai mudando a sua direção, vem manso ao meu encontro.
E ali sinto um perfume conhecido, fecho os olhos e me torno leve.
Rosas com cabelos brancos ao sair do banho.
A fragrância mais doce que eu já conheci.

De manhã quando ela acorda faz do seu dia um arco.
Colorido, lento, gasto pelo tempo.
Enverga em seu peito um sofrimento.
Esse espaço que vacila no vazio.
O amor que tanto deu e que agora só golpeia
Torna-se o alvo da flecha amada.
Mesmo assim no final da tarde sacode a poeira do cansaço.
Limpa a sujeira da ingratidão.
E guarda em uma sacola bonita.
Deixando atrás da porta, para quem sabe um dia, quando partir
Seus queridos voltem ali.
E leiam suas palavras esquecidas.
De noite, bem de noitinha, lá nos seus sonhos.
Ela abre a sacola amarrada com fitinhas coloridas e retira dela, suas historias bem definidas.
Nestas, ela volta a ser menina, mulher, volta a ser vista.
Nas histórias de sua sacola ela é sempre cuidada, sempre querida.

Sempre amada.

sábado, 18 de abril de 2015

Os meninu é  viajado nas Europa e  States.
Na veia sucrilhos  e danonin.
Nós aqui é na farofa e as vez banana assada e mandioca.
Nossas viagem é na venda do Pedro da D. Maria, contador de causos dos tempo de tupiniquim.
Meu saber não é letrado não senho, como os meninu de cabelo lisim.
Minhas faculdades cheira terra molhada e também batida.
Muitas professoras e professores eu tive, atravessando as picadas do mato.
Inté de noite aprendo com a lua, alumiando e fazendo brilho no zoio de jaguatirica.
Mas, no finar não faz diferença. Nós é tudo iguar.
Debaixo da terra ou mesmo sentado no botequim da Tiana.
Porém uma coisa é certa ; pra que tanta viajem e conhecimento lá fora e não saber cuida da casa.
Tem que aprender com a natureza que tanto nós dá, não precisa roubar.
Nosso  País é casa grande, coisa imensa, necessita atenção.
Juntando os dois saber; da terra e das letra, acho que dá pra fazer a coisa melhorar. Limpar sabe.
Mas, é preciso de caráter e vontade de ajudar, trabalhar. E isso tá difícil, parece que é até caro.
Deve ser por isso que precisam de tanta prata.
 É muito tostão em um só lugar e muito mendigar, onde água e arroz seriam motivo  de  festa daquelas de rojão soltar.
E pensar que se cada um pegasse o seu tipo de inchada e fizesse o seu meior.
Todo lugar tem sua inchada; é na roça, no planarto, nos hospitar, na pulicia, em tudinho de lugar.
Borá capinar bunitinho né meu povo que de resto a terra nós dá.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Viajarei pelas tardes em barcos de insônia, guiado por 7 luas.
7 prazeres.
7 vidas.
7 incertezas.
28 chances.
28 virtudes.
Não me pergunte sobre voltas, a viagem será longa.
Tenho como timoneiro o meu parceiro; vento.
Não tenho datas para os portos, nem sei quando parto.
Do meu saber, só faz parte o que me guia.
A terra nos dá raízes, mas raízes são para pessoas que gostam de bandeiras.
E a minha foi rasgada no ato do meu nascimento, momento esse que marca a nossa escravidão.
A viagem será banhada de solitude, preciso de um barco apenas ou nem isso.
Meus pés e braços conhecem a leitura das luas.
E caso naufrague, serão as minhas buscas a minha ilha de Ítaca.

domingo, 5 de abril de 2015

Sei saber de um dia
que jamais saberei te amar.
Sabendo disso, amarei o que for sabido
mesmo não sabendo ao certo, quando esse dia chegará.
Se ontem eu já soubesse
hoje eu já teria te amado.
A morte é o único caminho para entendimento da vida.
Fugir dela é assumir o não viver.