domingo, 30 de março de 2008

ESTRANHO


Estranho, sinto como se eu me basta-se. No externo, aparentemente um caos, mas olho para dentro em busca de um "eu" em paz.

Observo tudo. Ou pelo menos tento, mas há um progresso: Observo o caos e observo um vácuo interno crescendo ou será um vazio? Um vazio que cada vez mais não tem fim. Engraçado, ele me preenche.

A cada pensamento distancio-me e tenho a consciência dele, que vem com a buzina, que vem com as pessoas ao meu redor, que vem com a batida do meu coração, que vem com minha barriga movendo-se...

Isto é estar pleno neste momento ou é mais uma ilusão? Observo.

O vazio cresce, um silêncio. Como pode isso, com essa barulheira aqui fora?

Algo estranho aproxima-se, assisto que o observador está querendo desaparecer.

Sinto que sou o nada com tudo acontecendo.

A vontade é de parar e ficar aqui, sem movimento, só isso.

Não existe nenhum sentimento de êxtase esplendoroso, nenhuma luz, nenhum amor fraternal ou mesmo ódio fraternal. Nada.

Mas sei que estou verdadeiro para qualquer pessoa neste momento, não sei o por quê, mas sei.

Nada transborda, nada explode, nada ilumina, nada acontece. Nada.


Vejo o barulho e o silêncio tudo ao mesmo instante.


Eu sou o barulho e o silêncio.


Eu não sei quem eu sou.


Isso tudo é estranho, preciso de um pensamento, preciso sentir um apego, preciso agarrar-me a uma ilusão. Pois, este estado de "nada importa" é grande demais para o momento.