terça-feira, 19 de fevereiro de 2008


Há águas que trazem lágrimas que enxáguam a casa, a vida, inundam a esperança.Por fora, molha. Por dentro, seca.

Enxurradas em uma cidade.

A culpa escorre por todos os lados: político e cidadão.

Em São Paulo todas as águas correm para o mesmo lugar, mas ainda não são suficientes para lavar a vergonha e deixar bem limpo a consciência.

Um papel voa ao vento, dança até o sopro tomar outro rumo.

A janela automática de um Mercedes, a manual do ônibus, a horizontal do trem, todas são a mais pura visão da ignorância.

Hoje em uma rua choro, vendo os meus sonhos escorrerem ladeira a baixo como um barco. Ontem, sorrindo, ensinei meus filhos a contribuírem com o resto de seu doce...Hoje pela televisão digital de plasma, sinto dó de um tipo de povo que nada onde era para andar. Ontem, a minha preguiça mórbida contribuiu...

Em São Paulo todas as águas correm para o mesmo lugar.


foto: André Auke

momentos passam...


Parado estou, estancado, neutro.Porém mais vivo que a qualquer outro momento.Nada importa ao meu redor, apenas este momento, aqui, parado, ereto.

Sem movimento.

O trem se aproxima, sinto.Não vejo, porque não preciso.O trem passa, vejo.Momentos que passam à minha frente.Olho e vejo. Agora posso escolher.Tenho que correr e ser rápido.As portas se fecham.Eles se foram.

Para outra estação.
Momentos que passam.


Foto: André Auke