Descrevo
aqui algumas das personagens desse causo: Duas cervejas. Long neck. Um certo número
de palavras que me perco agora em defini-las, mas que se dividem em poemas e
crônicas. Uma omelete (de legumes), acompanhada de uma saladinha. Um amigo,
Quintaninha! Vulgo: Mario Quintana. E, a partir daqui, o causo desenvolve-se.
Um
flerte. Uma garota na mesa à frente, não exatamente a próxima, mas umas três
mesas à frente em diagonal. Percebo que ela está me olhando, bebe também uma
cerveja de marca diferente da minha. Entre um gole e outro, me olha. Eu entre
algumas palavras lidas e outras, olho também. Parece-me que ela gostou do que
vê, a julgar pela forma de olhar e pela capacidade de não parar de olhar (cada
olhar um gole). Talvez, a imagem pudesse ser um pouco estranha para ela. Em uma
noite de um sábado carnavalesco qualquer, um rapaz de calças de moletom
“saruel,” chinelos tipo havaianas, tipo, não, havaianas mesmo; sentado sozinho
em uma mesa de bar (quase boteco), tomando sua cerveja, óculos, uma echarpe no
pescoço (estilo, talvez?!). E lendo um livro. “LENDO UM LIVRO!” Oh! My God! Não
teria que ser um smartphone com a senha wifi do estabelecimento? Ai, se ela
soubesse que era de poesia, nem sei o que poderia pensar...
E
esse flerte de goles e olhares seguiu-se até o momento de um rapaz entrar vindo
da rua, beijá-la a testa, e depois na boca (selinho). Ela diminuiu a
intensidade nos olhares, claro. Mas, antes fez um gesto bem sutil que confesso
não ter compreendido nada e como não compreendi nem sei se conseguiria descrevê-lo.
Enfim, continuei a fazer o que já estava fazendo; conversar com meu amigo Quintana,
entre um gole e outro. Até porque já tinha devorado a omelete (sozinho).
A
garota, quando podia (com menos frequência agora), tomava um gole e levava seus
olhos para minha mesa. Minutos depois paguei a conta para voltar logo ao meu
quintal, onde minha espreguiçadeira me esperava com certa saudade. Sobre o
“possível” namorado? Bom! Quem mandou ser fumante?
Tem
uma parte nesse “causo” que talvez, deveria estar inserida algumas frases
antes, mas... Existiu um espaço-tempo entre esse pagar a conta e ir embora,
pois a fila do caixa estava grande. Foi o tempo para mais quatro poesias, três
crônicas e “dois” flertes, mais ou menos. Foi o tempo dela ir ao banheiro,
voltar, passar pelo caixa e deixar cair um guardanapo no chão ao lado dos meus
pés com havaianas. Foi o tempo também, do rapaz fumar mais um cigarro. Caro e
cara leitora devem estar imaginando o que teria neste guardanapo suicida. Bom,
minha amiga e amigo, ficamos na mesma situação de curiosidade não
correspondida. Pois, no mesmo instante em que o tal guardanapo beijava aquele
chão de boteco, minha atenção era obrigatoriamente solicitada pelo Caixa
solicitando a senha. E entre a indecisão de colocar tais números e abaixar para
o resgate do artefato, o garçom esse “ser” com treinamentos de ninja, foi muito
mais ágil e eficiente do que eu e o papel misterioso.
-
Senhor, por favor, a senha do cartão.