Um poema chega assim; meio sorrateiro não querendo nada, mas
dizendo muito...
Empurrando pensamentos, as vezes por dentro, as vezes por
fora, abrindo espaços sem forçar nada.
Eh! Ele tem esse jeito malandro que sabe chegar sem fazer
barulho e quando dou por mim já danço a melodia que ele bem entender.
Lutar? Não posso, ou melhor, não saberia... Ele vem por
águas que desconheço.
Eu até sei alguns dos seus caminhos: é um olhar, um
silêncio, um pulsar mais forte, respiração ali naquele estado, uma simples intenção
ou às vezes até um nada.
E no fim. Eu agradeço, pois por horas é minha oração, em
momentos salvação, por muitas vezes Mestre, nunca deixou de ser amigo, quantas
vezes me aliviou o coração (perdi a conta). Estranhamente me confundo com ele,
mas sempre sabendo que mesmo ali comigo, ele serve gentilmente a todos. Suas
vias muitas: visceral, direto, suave, faceiro, disfarçado, simbólico, feminino,
masculino, bobo, careta, sensual... Mas mesmo brincando tanto com esse teatro
de facetas, jamais deixou de ser honesto com sua essência...
Talvez seja por isso que ele venha tanto a me procurar.
Por vezes me beija, por vezes me abraça, por vezes me
empurra. Mas sempre ali dizendo:
"Não há nada que já não saiba”.