Quando acordo faço do dia um arco.
Me envergo em seu peito.
Sou esse espaço que vacila.
Entre a flecha e o alvo.
No final da tarde sacudo a poeira do cansaço.
E guardo em uma sacola bonita.
Deixo-a atrás da porta, para quem sabe um dia...
Voltar hibernar na história ali, esquecida.
Mas de noite, bem de noitinha, lá nos meus sonhos.
Volta a ser aquele que na sacola amarra as fitinhas.
E deixo nelas, nas histórias, uma cor bem definida.
foto: André Auke