terça-feira, 29 de junho de 2010

PUGNAR *




O mundo anda e eu estou aqui
O mundo grita e eu estou aqui
Não quero saber de nada.
Apenas estar quieto em mim

Não preciso desse barulho
Não hoje, não agora.
Não sairei nem para sorrir, nem para chorar.
Serei velado em cores pastéis.

Todos estão correndo de alguma coisa
Movimentos esclerosados.
Corpos sem paixões.
Talvez corram de si mesmos.

São bonecos expressionistas.
Hipocrisias da moda.
Disfarces de medos e carências.
Tão desconectados.

E nem percebem, nem percebem.
Hoje deito em meu corpo e assim fico
Até o Eu desaparecer.
Sinto-me cansado.

Por isso hoje não saio de mim.
Estou em repouso, sensivelmente em repouso.
Minha respiração quase para.
E assim ficarei.

Volto à superfície quando estiver pronto.
Pois uma batalha me espera.
Com olhos abertos não enxergava.
Agora reconhecerei em mim a própria guerra.

* tomar a defesa de;

foto: André Auke -Gap/França.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Quero você aqui.


Quero você aqui.

Morando nos meus olhos.
Saciando minha sede.
Bebendo meu corpo.
Tragando meu êxtase.

Quero você aqui.

Reconhecendo minha boca.
Traduzindo o que falo.
De pernas abertas e
Olhar de entrega.

Quero você aqui.

Decorando minha carne.
Matando sua fome.
Sem luxurias e melindres.
Sem medo.

Quero você aqui.

Suspirando o meu toque.
Que desliza em desejos.
Abrindo suas vontades.
Acolhendo-te por dentro.

Quero você aqui.

Assim, em febre...
Morrendo em pedaços.
Renascendo em orgasmos.