O mundo anda e eu estou aqui
O mundo grita e eu estou aqui
Não quero saber de nada.
Apenas estar quieto em mim
Não preciso desse barulho
Não hoje, não agora.
Não sairei nem para sorrir, nem para chorar.
Serei velado em cores pastéis.
Todos estão correndo de alguma coisa
Movimentos esclerosados.
Corpos sem paixões.
Talvez corram de si mesmos.
São bonecos expressionistas.
Hipocrisias da moda.
Disfarces de medos e carências.
Tão desconectados.
E nem percebem, nem percebem.
Hoje deito em meu corpo e assim fico
Até o Eu desaparecer.
Sinto-me cansado.
Por isso hoje não saio de mim.
Estou em repouso, sensivelmente em repouso.
Minha respiração quase para.
E assim ficarei.
Volto à superfície quando estiver pronto.
Pois uma batalha me espera.
Com olhos abertos não enxergava.
Agora reconhecerei em mim a própria guerra.
* tomar a defesa de;
foto: André Auke -Gap/França.