Ah!
Que vida mais bela que em tantos momentos me dá de presente encontros que são quase um poema.
Sentado cá estou e por um instante, em segundos, olhares se cruzam. Vejo os raios do sol em noite de neblina, a possibilidade do paraíso perante centímetros.
Vejo então como a natureza é linda, todos os contornos perfeitos. Desfecho de um arquiteto maestro.
Poucos segundos em sabor de minutos: te dispo e te beijo.
Desejo, pele, gozo, essa é minha oração.
Corpo parado e todo meu ser em excitação, morro neste instante por apenas um toque, somente um toque.
Quero ser gota que molha o botão de flor que desabrocha.
Perfume que sinto e louco quase fico. O pouco de consciência que me resta e por ela que fico aqui, sentado e estagnado.
Logo após vem o romper dos olhares, para que tudo não passe de uma coincidência.
E lá fico. Eu alimentado com as rebarbas de um prato de vontades.
Novamente sinto aquela sensação; corpo em alerta, pupilas se dilatam, ouvidos se fecham, espinha ereta.
Ah! Não posso mais acreditar em coincidência, tudo agora é um dejá-vù, com a certeza de que de onde vem a minha inspiração vem também um desejo, ou pelo menos o interesse é suspeitado.
Existe agora a confirmação. O que traz consigo a precisão do disfarce.
Mesmo que ao olharmos somos carregados para outro espaço, dentro do real estamos cercados.
Onde a realização desse desejo não existe sem o preço amargo do conflito.
A realidade agora me consome, mais ainda sinto o carinho da esperança que não vinga.
Onde o sonho fica na memória do desespero dos lábios. Como o mendigo à espera da esmola.
Com o olhar te desejo, com olhar te possuo e me entrego e com olhar escrevo, migalhas que me restam desse amor de segundos.